A Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA) e a Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (FETAEMA), em colaboração com o Laboratório de Extensão, Pesquisa e Ensino de Geografia da Universidade Federal do Maranhão (LEPENG), tem realizado levantamento cartográfico do uso indiscriminado de veneno em comunidades tradicionais no estado por parte do agronegócio.
O mapa intitulado “Territórios Diretamente Vitimados por Agrotóxicos no Maranhão - janeiro a julho de 2024”, compreende a atualização para este período, e aponta que 190 comunidades tradicionais, quilombolas e assentamentos rurais em 32 municípios de nosso estado estão sofrendo graves consequências devido à pulverização de agrotóxicos, conforme pode ser observado no mapa abaixo:
Comunidades vítimas diretas de agrotóxicos no Maranhão (janeiro a julho/2024)
Infelizmente essa prática tem se tornado cada vez mais comum, trazendo consigo uma série de prejuízos para essas comunidades e para a natureza, como a contaminação das águas, envenenamento dos alimentos, perda de produção da agricultura familiar, além de adoecimento, tanto físico quanto psicológico.
O uso indiscriminado de agrotóxicos ameaça diretamente a conservação da sociobiodiversidade, afeta a saúde, a segurança alimentar e os modos de vida das comunidades tradicionais, além de causar riscos à vida e à permanência das comunidades em seus territórios. Relatos de moradores(as) de comunidades afetadas apontam que o veneno é despejado em cima de moradias, áreas de roça e até contra pessoas, o que corrobora com o entendimento de que os agrotóxicos estão sendo utilizados como arma química, no intuito de expulsar as comunidades de seus territórios.
Estamos diante de uma verdadeira guerra química contra as comunidades tradicionais. Além de promover a grilagem de terras e o desmatamento de ecossistemas vitais como o Cerrado, a Amazônia maranhense e a Mata dos Cocais, essa guerra busca amedrontar as comunidades, tentando forçá-las a abandonar suas terras para o avanço do agronegócio.
O mapa destaca os 32 municípios afetados e as 190 comunidades em questão:
Fortuna (Comunidades tradicionais São Bento, Patrimônio, Centro do Canuto);
Governador Eugênio Barros (Comunidades tradicionais Cipó, Baixo da Palmeira, São Dominguinho e Nazaré);
Timbiras (Comunidades tradicionais São José, Baixa Nova, Morada Nova, Buriti, Capinal, Santa Vitória, Passa Mal, Marésia, Canafístula, Manoel dos Santos, Parazin, Lagoa do Serafim, Povoados Pastorinha, Baixinha, Baixa Grande);
Pedro do Rosário (Sede Municipal, PA 4 de Maio);
Buriti (Comunidade Tradicional São Félix);
São Benedito do Rio Preto (Comunidades tradicionais Piçarra, Baixão dos Rocha, Santa Izabel, Boião, Assentamento Bacuri, Quilombo Guarimã);
Peritoró (Comunidades tradicionais Feliz Lembrança, Queixada, Km 29, Alto Seco, Bacuri, Loteamento da Rodoviária, Santa Rita);
Colinas (Quilombo Peixes);
Parnarama (Quilombo Cocalinho e Quilombo Guerreiro)
Chapadinha (Povoados Santa Fé e Lagoa do Meio, Comunidades Tradicionais Lagoa Amarela, Tutanguira, Laranjeiras, Porções, Deserto, Cocal, Gavião, Escondido, Feijão, Santa Rita, São Fernandes, Bom Fim, Chapadão, Pitombeira 01, Pitombeira 02, Riachão, Oiteiro, Bacuri do Moises, Conceição, Bom Principio, São Miguel, Bacabal, Bacabal dos Tiberos, Caldeirão, Buritizeiro, Santa Rita, Boa Hora, Araçar, Veredão, Riacho Feio, São José, Sangue, Buritizinho, Poço da Pedra, Centro dos Messias, Bom Jesus, Vargem do Forno, Caraíbas, Mangueira, Macajuba, Cipó, Chico Dias, Buriti dos Boi, Guarimã, Leite, Vila Nova, Cruzilandia, Vila Betania, Rumo, Prata dos Quirinos);
Lago da Pedra (Comunidade Nova Unha de Gato, Três Lagos, Povoado dos Pereira, Centro dos Piaus, Sindô, Centro Novo, Centro dos Batistas e Centro dos Pedrosas);
Matões (Quilombo Tanque da Rodagem e Quilombo São João);
Caxias (Assentamento Caxirimbu, Assentamento São Pedro da Boa Vista);
Esperantinópolis (Comunidade Laranjal);
Santa Inês (Comunidade Boa Visitinha);
Santa Luzia (Comunidade Boa Esperança, Comunidade Cacique, Vila do Incra);
Açailândia (Assentamentos Santa Clara, João do Vale e Novo Oriente);
Mata Roma (Comunidade Santa Elvira);
Santa Quitéria (Comunidades Pau Serrado, Coceira, Baixao da Coceira, Rio Grande dos Lopes, Rio Grande dos Gonçalves, Caraíbas, Boa Hora, Taboca, Santa Maria, São José, Caruaras, Passagem Funda, Mata dos Fernandes, Mato Aberto, Cabeceira do Rio, Cabeceira da Tabatinga, Buriti Seco, Angelim, Onça, Bacabal, Vila Nova, Salvação, Bacuri II, Barra da Onça);
Brejo (Comunidades Tabocas, Macacos dos Faveiras, Gameleira, Macacos dos Vítos, Lagoa Seca, Veado Branco, Panela, Prata, Centro dos Netos, Ingá, Guarimã, Carrapatinho, Várzea do Meio e São José);
São Luiz Gonzaga (Comunidades Queiroz, Cazuza, Centro dos Peregrinos);
Buriticupu (Vila União Portugal, Vila Concórdia).
Governador Nunes Freire (Comunidade CR Almeida);
Lago Verde (Povoado Santa Luzia);
São Mateus (Assentamento Boi Baiano, Comunidades Tradicionais Bocaina, São Raimundo, Monte Alegre, Juçareira, Alto Grande, Gleba Jutirana, Centro do Honorato, Centro do Coroatizinho, Lago Verde).
Balsas (Comunidades Boa Esperança, Bela Vista, Estiva II, Cajueiro dos Macedo, São Benedito, Vila Cardoso, PA. São José)
Loreto (Comunidades Agrovila, Buritirana, Sítio, Mato Grosso, Ribeira, Pedrinhas)
Riachão (Comunidade Progresso, PA Vida Nova)
São Raimundo das Mangabeiras (PE Nova descoberta)
Bacabal (Quilombo Catucá)
Codó (Comunidades Três irmãos, Queimadas, Montabarro)
Itaipava do Grajaú (TI Geralda Toco Preto).
É importante ressaltar que há subnotificações de casos, devido às represálias e ameaças que muitas comunidades vivem em seus territórios. Por outro lado, há a urgência de que se estabeleçam os protocolos que deem conta de produzir dados reais sobre a situação dos agrotóxicos no Maranhão.
Este mapa representa uma fotografia instantânea da situação atual, mas é dinâmico e está sujeito a mudanças conforme novas denúncias são recebidas. Sua atualização contínua é fundamental para acompanhar a evolução do problema dos agrotóxicos no Maranhão e, orientar ações de intervenção e apoio às comunidades afetadas.
Nossa missão é enfrentar esse desafio de forma coletiva e incansável, protegendo nossas comunidades, preservando nossa biodiversidade e promovendo um modelo agrícola sustentável e justo para todos. Junte-se a nós nessa luta!
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