Guerra Química no Maranhão: Fevereiro de 2025 Registra Aumento de Comunidades Impactadas pela Pulverização de Agrotóxicos
- Rama rede de agroecologia
- 11 de mar.
- 3 min de leitura
O segundo mês de 2025 confirma a continuidade de um cenário alarmante no Maranhão: o avanço da pulverização aérea de agrotóxicos sobre comunidades rurais, que agora somam 18 novos casos registrados. São ao todo 38 comunidades em 11 municípios contabilizando janeiro e fevereio de 2025. Entre os destaques deste mês está a comunidade Roça do Meio, em Duque Bacelar, em um intervalo de uma semana, foi vitimada duas vezes pela pulverização de veneno por drone. O ataque resultou no envenenamento de pessoas, incluindo adultos, idosos e crianças, além de atingir plantações da agricultura familiar, a vegetação local e uma escola.
Outro município que chama atenção é Bacabal, onde 9 povoados foram impactados pelos agrotóxicos. Além disso, a comunidade Araçá, em Buriti, continua sofrendo com os efeitos da pulverização de veneno. Araçá é a comunidade do caso emblemático ocorrido em 2021, quando foi pulverizada por três dias consecutivos por aviões que despejaram veneno sobre a população. Na ocasião, uma criança de apenas 7 anos ficou gravemente queimada ao tentar correr para ver a aeronave. Infelizmente, essa comunidade ainda enfrenta os impactos dessa prática.

A Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), em parceria com a Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (FETAEMA) e o Laboratório de Extensão, Pesquisa e Ensino de Geografia da Universidade Federal do Maranhão (LEPENG), segue monitorando e mapeando os territórios afetados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. O resultado é o mapa "Territórios Diretamente Vitimados por Agrotóxicos no Maranhão - Fevereiro de 2025", que revela a expansão dessa guerra química sobre as comunidades rurais.


Comunidades Afetadas em 2025:
· São Mateus do Maranhão: Curva, Água Branca II, Alto Grande, Vila Nova, Dendê, Andirobal, Água Preta, Água Branca, Água Branca I, Água Branca III, Água Branca IV, Água Branca V, Água Branca VI e Água Preta e Setor MA-01.
· Viana: Baía, Aldeia Nova Vila, Aldeia Taquaritiua, Aldeia Cajueiro, Piraí e Vilinha.
· Bacabal: Fundamento, Piratininga, Santa Maria, Barreirinhas, Santo Antônio, Seco das Mulatas, Jardins, Sobradinho e Santa Efigênia.
· Parnarama: Quilombo Cocalinho.
· Duque Bacelar: Roça do Meio.
· São Luís Gonzaga do Maranhão: Mata Burro.
· Santa Inês: Bom Jesus.
· São Benedito do Rio Preto: PA Vista Verde.
· Buriti: Araçá e Vila.
· Esperantinópolis: Potó.
Impactos da Pulverização de Agrotóxicos:
A pulverização aérea de agrotóxicos tem causado danos irreparáveis às comunidades e ao meio ambiente. Entre os principais problemas estão:
Contaminação das águas: poços, cacimbões, rios e igarapés estão sendo envenenados, afetando a vida dos peixes e a qualidade da água consumida pelas populações rurais;
Envenenamento de alimentos: cultivos da agricultura familiar estão sendo contaminados, intoxicando quem consome esses produtos;
Perda de produção agrícola: a destruição das plantações compromete a segurança alimentar e a subsistência das famílias;
Adoecimento físico e psicológico: moradores sofrem com intoxicações e o estresse de viver sob constante ameaça.
Além disso, o uso indiscriminado de agrotóxicos ameaça a sociobiodiversidade, os modos de vida tradicionais e a permanência das comunidades em seus territórios. Relatos de moradores indicam que os venenos são despejados diretamente sobre casas, roças e até pessoas, reforçando a percepção de que os agrotóxicos estão sendo utilizados como uma arma química para expulsar as comunidades e abrir caminho para o avanço do agronegócio.
Guerra Química e Desmatamento:
A situação no Maranhão reflete uma estratégia mais ampla de grilagem de terras e desmatamento de ecossistemas vitais, como o Cerrado, a Amazônia maranhense e a Mata dos Cocais. A pulverização de agrotóxicos não apenas envenena o solo e a água, mas também serve como uma tática de intimidação, visando forçar as comunidades a abandonarem seus territórios.
Como Denunciar:
A RAMA disponibiliza um canal de denúncias para que as comunidades afetadas possam relatar casos de pulverização de agrotóxicos. Envie fotos, vídeos, relatos e informações para o número de WhatsApp: (98) 98522-2988. As denúncias podem ser anônimas e são essenciais para documentar e combater essa prática devastadora.
O Mapa:
O "Territórios Diretamente Vitimados por Agrotóxicos no Maranhão - Fevereiro de 2025" é mais um alerta urgente sobre a guerra química que assola as comunidades rurais do estado. Enquanto o agronegócio avança, é fundamental fortalecer a resistência das comunidades tradicionais e pressionar por políticas públicas que protejam seus direitos, sua saúde e o meio ambiente. A luta contra os agrotóxicos é, acima de tudo, uma luta pela vida.
Saiba mais sobre a camapnha Chega de Agrotóxicos.
Comments