Guerra Química no Maranhão: Mapa de Março de 2025 revela expansão de ataques com agrotóxicos
- Rama rede de agroecologia
- 5 de abr.
- 4 min de leitura
O terceiro mês de 2025 consolida um cenário trágico de avanço da pulverização aérea de agrotóxicos no Maranhão. O novo levantamento da Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), FETAEMA e o LEPENG/UFMA, registra agora 43 comunidades atingidas em 15 municípios desde o início do ano. Os dados revelam não apenas a expansão geográfica do problema, mas também o agravamento da violência e das ameaças contra as comunidades.
Novos casos emblemáticos em março:
Em Duque Bacelar, além da já devastada comunidade Roça do Meio (duplamente atingida por drone), uma nova localidade foi vítima dos ataques. O município vive um paradoxo cruel: enquanto as comunidades sofrem, a prefeitura revogou a lei que proibia a pulverização aérea, abrindo caminho para mais violações.
Em Magalhães de Almeida, na região da Lagoa do Bacuri, o veneno foi despejado próximo às margens do lago - fonte de água e alimento para milhares de pessoas. O crime foi registrado por moradores, que sofreram ameaças com armas de fogo ao registrarem o crume ambiental. O caso foi denunciado às autoridades.
Outros municípios como Afonso Cunha, Peritoró e Timon também aparecem no mapa de março, mostrando a expansão territorial desta guerra química contra as populações rurais.



Comunidades Afetadas em 2025:
São Mateus do Maranhão: Curva, Água Branca II, Alto Grande, Vila Nova, Dendê, Andirobal, Água Preta, Água Branca, Água Branca I, Água Branca III, Água Branca IV, Água Branca V, Água Branca VI e Água Preta e Setor MA-01.
Viana: Baía, Aldeia Nova Vila, Aldeia Taquaritiua, Aldeia Cajueiro, Piraí e Vilinha.
Bacabal: Fundamento, Piratininga, Santa Maria, Barreirinhas, Santo Antônio, Seco das Mulatas, Jardins, Sobradinho e Santa Efigênia.
Parnarama: Quilombo Cocalinho.
Duque Bacelar: Roça do Meio e Pasandu
São Luís Gonzaga do Maranhão: Mata Burro.
Santa Inês: Bom Jesus.
São Benedito do Rio Preto: PA Vista Verde.
São Francisco do Brejão: Centro do Robertão
Buriti: Araçá e Vila.
Esperantinópolis: Potó.
Afonso Cunha: Olho D’água do França e Barrão
Magalhães de Almeida: Lagoa do Bacuri
Peritoró: Feliz Alegria
Timom: Boa Esperança
Impactos acumulados em 2025: um retrato da crise
Os dados de março revelam uma escalada alarmante dos ataques com agrotóxicos no Maranhão:
43 comunidades rurais atingidas em 15 municípios;
Destruição ambiental: contaminação de rios, igarapés e nascentes, além do envenenamento de mata nativa e plantações da agricultura familiar – colocando em risco a segurança alimentar de milhares de pessoas;
Vítimas humanas: intoxicação de crianças, adultos e idosos, com relatos de queimaduras químicas, náuseas e problemas respiratórios;
Violência e ameaças: moradores que denunciam os crimes são intimidados, inclusive com armas de fogo;
Retrocessos políticos:
Duque Bacelar e Buriti revogaram leis que proibiam a pulverização aérea;
Em Governador Newton Bello, a população se revoltou após o prefeito propor alterações na legislação de proteção, enfraquecendo as restrições aos agrotóxicos.
A situação expõe um padrão de abandono institucional e violação sistemática de direitos, enquanto as comunidades seguem vulneráveis aos ataques.
Padrão de violações:Os relatos seguem um padrão alarmante:
Pulverização próxima ou sobre áreas habitadas
Contaminação de fontes de água e alimentos
Intimidação aos que resistem
Omissão ou conivência de autoridades locais
Impactos da Pulverização de Agrotóxicos:
A pulverização aérea de agrotóxicos tem causado danos irreparáveis às comunidades e ao meio ambiente. Entre os principais problemas estão:
Contaminação das águas: poços, cacimbões, rios e igarapés estão sendo envenenados, afetando a vida dos peixes e a qualidade da água consumida pelas populações rurais;
Envenenamento de alimentos: cultivos da agricultura familiar estão sendo contaminados, intoxicando quem consome esses produtos;
Perda de produção agrícola: a destruição das plantações compromete a segurança alimentar e a subsistência das famílias;
Adoecimento físico e psicológico: moradores sofrem com intoxicações e o estresse de viver sob constante ameaça.
Além disso, o uso indiscriminado de agrotóxicos ameaça a sociobiodiversidade, os modos de vida tradicionais e a permanência das comunidades em seus territórios. Relatos de moradores indicam que os venenos são despejados diretamente sobre casas, roças e até pessoas, reforçando a percepção de que os agrotóxicos estão sendo utilizados como uma arma química para expulsar as comunidades e abrir caminho para o avanço do agronegócio.
Guerra Química e Desmatamento:
A situação no Maranhão reflete uma estratégia mais ampla de grilagem de terras e desmatamento de ecossistemas vitais, como o Cerrado, a Amazônia maranhense e a Mata dos Cocais. A pulverização de agrotóxicos não apenas envenena o solo e a água, mas também serve como uma tática de intimidação, visando forçar as comunidades a abandonarem seus territórios.
Como Denunciar:
A RAMA disponibiliza um canal de denúncias para que as comunidades afetadas possam relatar casos de pulverização de agrotóxicos. Envie fotos, vídeos, relatos e informações para o número de WhatsApp: (98) 98522-2988. As denúncias podem ser anônimas e são essenciais para documentar e combater essa prática devastadora.
O Mapa:
O "Territórios Diretamente Vitimados por Agrotóxicos no Maranhão – Março de 2025" é mais um alerta urgente sobre a guerra química que assola as comunidades rurais do estado. Enquanto o agronegócio avança, é fundamental fortalecer a resistência das comunidades tradicionais e pressionar por políticas públicas que protejam seus direitos, sua saúde e o meio ambiente. A luta contra os agrotóxicos é, acima de tudo, uma luta pela vida.
Saiba mais sobre a campanha Chega de Agrotóxicos.
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